O Brasil corre risco de ver seu modelo de agronegócio entrar em colapso, aprofundar o processo de desindustrialização e prejudicar o desenvolvimento energético nos próximos anos, caso mantenha seu “atrelamento a uma narrativa ambientalista” pautada por órgãos de governança global. Essa foi a tônica da apresentação do geógrafo e climatologista Ricardo Felício, da Universidade de São Paulo (USP), durante audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores (CRE) e de Meio Ambiente (CMA) nesta terça-feira (28).
Felício disse que tem passado desapercebida a iniciativa do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) de criar, em seu âmbito, uma subagência voltada ao controle mundial da emissão de dióxido de carbono (CO2), o gás considerado causador do aquecimento global. Para ele, caso essa iniciativa do IPCC, que atua na órbita da Organização das Nações Unidas (ONU), seja bem-sucedida, países como o Brasil tendem a ser prejudicados.
— A criação dessa nova agência já vem sendo trabalhada oficialmente. Assim como a ONU monitora a produção mundial de urânio, intenta fazer o mesmo com o CO2. Esse órgão poderá controlar todas as formas de produção dos países. Eles correlacionam uma narrativa de “mudanças climáticas” a todas as esferas de desenvolvimento, como os setores industriais e de energia, entre outros. Esse sistema de controle gerará o encarecimento da energia, diminuição da produção, desindustrialização, além de recuos do agronegócio e na mineração. Nossa conta de energia só sobe porque investimos apenas em eólica, biomassa e solar, as três mais caras. Como o país vai se industrializar e atrair investimentos se a energia é extremamente cara? — criticou.