Indústria e distribuidoras divergem sobre medidas do governo na área de gás

As medidas anunciadas pelo governo para promover maior concorrência no setor de gás natural dividiram opiniões de empresários, distribuidoras de gás e economistas.

A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ) acredita que a decisão deve trazer benefícios para o desenvolvimento econômico do país a partir da promoção da concorrência. Para a entidade, a abertura do mercado de gás tem o potencial de destravar e atrair novos investimentos na ordem de R$ 240 bilhões em 10 anos, além de potencializar a arrecadação de participações governamentais e o efeito multiplicador da atividade industrial em todo o país.

Já a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) vê com preocupação a resolução do Conselho: “Embora concordemos com boa parte das premissas listadas pelo CNPE, entendemos que, conforme prevê a Constituição, a regulação do serviço de distribuição de gás canalizado é de competência da agência reguladora de cada estado. Entendemos, ainda, que os estados devem ter plena autonomia para definir o modelo mais compatível com seus interesses”, diz Augusto Salomon, presidente-executivo da Abegás.

A quebra do monopólio da Petrobras na área de produção de gás, que já dura muito tempo, é aprovada pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). Mas em relação à distribuição, a entidade concorda com a Abegás.

“A distribuição é um monopólio natural, inquebrantável, porque não pode haver duas empresas atendendo uma mesma área, igual ao que acontece com a energia elétrica. Do ponto de vista econômico, não cabem duas empresas. Sempre é feito um contrato de concessão”, diz Adriano Pires, presidente do centro.

Redução de 20% a 50%
A queda no preço do gás deve variar em cada região, prevê a Firjan. No RJ, por ser um estado produtor, se receber o gás direto, pode haver redução de até 50% na região de Macaé em 5 anos, prevê a federação. No país, a previsão seria de 20% a 50%, dependendo de como as novas medidas serão aplicadas.

Segundo a federação, algumas empresas já estão se mobilizando para investir no novo cenário. Um exemplo é a Shell que pretende instalar uma térmica em Macaé perto da área produtora. Esse projeto depende da abertura do mercado, diz a Firjan

Consumidor livre 
Com relação ao mercado livre, a Firjan lembra que o Rio de Janeiro saiu na frente e aprovou medidas que renovam o marco regulatório para o consumidor livre, o autoprodutor e o autoimportador. Somado às decisões do CNPE, o estado poderá alavancar a atividade de indústrias, como a de sal, vidro, siderúrgica, catalisadores e outras, assim como expandir o consumo do gás natural veicular (GNV).

A Abegás reforça o apoio à figura do mercado livre desde que os contratos de concessão sejam respeitados e a remuneração dos serviços de movimentação de gás para os consumidores livres garanta a expansão e a universalização dos serviços locais de gás canalizado. O mercado livre no setor de gás só será viável com mais agentes comercializando gás natural de forma competitiva, analisa a associação.

“Apesar de a resolução não ter caráter vinculante, sua edição por si só amplia a percepção de risco no investimento no setor de distribuição de gás canalizado. A ausência de segurança jurídica e de pleno respeito aos contratos vigentes limita a capacidade de investimento das distribuidoras”, critica Salomon.

Conteúdo produzido pela AgênciaiNFRA especialmente para o portal da Abdib.